quinta-feira, 22 de abril de 2010

Depressão pós-parto

A depressão pós-parto é comum?

Acredita-se que cerca de 10 por cento das mulheres sofra de depressão pós-parto, embora uma recente pesquisa da Royal College of Midwives, do Reino Unido, tenha indicado que o número possa ser bem maior. De acordo com o estudo, 27 por cento das mulheres com filhos de menos de 1 ano de idade disseram ter passado por algum tipo de tratamento para a depressão pós-parto.

Depressão pós-parto não é a mesma coisa que uma espécie de melancolia, também conhecida como "baby blues", ou "blues puerperal", que geralmente tem início poucos dias depois do parto e provoca tristeza, preocupação, nervosismo e vontade de chorar. É possível que as enormes mudanças hormonais da gestação sejam responsáveis por esses sintomas, que tendem a desaparecer em questão de dias.

Mas, então, o que é a depressão pós-parto?
A depressão pós-parto é bem mais séria do que uma melancolia passageira. Enquanto a maior parte das mães consegue superar aquela tristeza inicial e passa a curtir seus bebês, uma mulher com depressão pós-parto fica cada vez mais ansiosa e tomada por sentimentos desagradáveis.

Em alguns casos, a mãe já estava deprimida mesmo antes do nascimento da criança, e simplesmente continua a ter os mesmos sentimentos. Para outras mulheres, no entanto, a depressão começa semanas ou até meses após o parto. O que parecia ser um prazer aos poucos começa a parecer um fardo, e a vida de certas mulheres chega a ficar paralisada.

Sintomas
Veja a seguir uma lista dos sintomas mais comuns da depressão pós-parto. Ter alguns deles vez ou outra não necessariamente indica um quadro de depressão, já que a maternidade é mesmo cheia de altos e baixos! Caso você tenha com frequência vários dos sintomas descritos, comente com seu ginecologista ou clínico geral ou procure a ajuda de um profissional especializado. Não tenha medo de ser julgada e muito menos de ser taxada de má mãe.


• Tristeza constante, especialmente na parte da manhã e/ou à noite

• Sensação de que não vale a pena viver e de que nada de bom vem pela frente

• Sensação de culpa e de responsabilidade por tudo

• Irritabilidade e falta de paciência com parceiro e filhos

• Choro constante

• Exaustão permanente, acompanhada de insônia

• Incapacidade de se divertir

• Perda do bom humor

• Sensação de não conseguir lidar com as circunstâncias da vida

• Enorme ansiedade em relação ao bebê e busca constante por garantias, por parte de profissionais de saúde, de que ele está bem

• Preocupação com sua própria saúde, possivelmente acompanhada pelo temor de ter alguma doença grave

• Falta de concentração

• Sensação de que o bebê é um estranho e não seu próprio filho


Além dos sintomas mencionados acima, é possível também vivenciar:

• Perda de libido

• Falta de energia

• Problemas de memória

• Dificuldade para tomar decisões

• Falta ou excesso de apetite

• Noites de sono interrompido

Existem mulheres mais propensas a ter depressão pós-parto?

Os especialistas ainda não sabem exatamente por que certas mulheres ficam deprimidas e outras não. Porém há certas situações que parecem aumentar o risco de uma depressão pós-parto. São elas:

• Já ter passado por uma depressão antes

• Depressão durante a gravidez

• Parto difícil

• Perda da própria mãe na infância

• Parceiro ou família ausentes

• Nascimento de um bebê prematuro ou com problemas de saúde

• Problemas financeiros, de moradia, desemprego ou perda de um ente querido

Qual é o tratamento?

Remédios
Existem certos remédios que realmente podem ajudar num quadro de depressão pós-parto. Muitas pessoas acreditam erroneamente que antidepressivos provoquem dependência, o que não é verdade. O principal problema de tais remédios é que muita gente não os toma da maneira correta.

Esse tipo de tratamento exige disciplina com horários e costuma levar algumas semanas para fazer efeito. Não desista por achar que ele não está melhorando em nada sua situação. Lembre-se de que demora um pouco para que seu corpo se adapte à medicação, e tenha em mente que às vezes a dose ou o tipo do remédio precisam de ajustes conforme a reação do organismo. Não interrompa o tratamento sem conversar com seu médico antes, mesmo se achar que já está melhor, porque a depressão pode voltar de repente.

Também não se preocupe se estiver amamentando, já que há no mercado remédios compatíveis com o aleitamento materno.

Terapia
Conversar com alguém treinado para lidar com o que você está sentindo pode ser de grande ajuda. Muitas vezes somente a terapia já é suficiente para reverter o quadro, embora, muitas vezes, haja também a necessidade de associar ao tratamento algum tipo de medicação (que só pode ser prescrita por médicos). Não se intimide em procurar ajuda especializada e encare isso como um ato de amor pelo seu bebê, para que você possa ser de fato a mãe que sempre sonhou ser.

Há algo que parentes e amigos possam fazer?

Conviver com alguém deprimido pode ser assustador, por isso é importante que a família tenha a orientação de um profissional de saúde para que ele explique melhor o quadro e aconselhe sobre a melhor forma de agir. Uma vez que todos saibam que se trata de depressão pós-parto -- um problema real, e não "frescura", mas que tem tratamento --, a família toda tende a se sentir melhor. O importante é lembrar que a depressão é um estadopassageiro.

Se sua mulher/mãe/irmã/amiga está deprimida, veja abaixo algumas maneiras que podem ajudá-la a enfrentar esta fase:

• Certifique-se de que ela está tomando o remédio como o médico orientou e de que esteja indo às consultas médicas (ou à terapia)

• Caso ela não queira tomar remédios, procure tentar convencê-la a falar com um médico sobre outras alternativas

• Acompanhe-a ao médico caso ela esteja relutante em ir por conta própria

• Não dê conselhos do tipo "deixa disso" ou "vê se melhora o astral". Ela certamente se comportaria de maneira diferente se conseguisse, se dependesse da vontade dela!

• Auxilie, se puder, com as tarefas domésticas ou mesmo com o bebê, mas, por outro lado, não assuma tudo o que diz respeito à criança

• Faça companhia caso ela tenha medo de ficar sozinha

• Lembre-a o tempo todo de que tudo melhorará e que a tristeza vai passar

• Se se trata de sua companheira, procure tratá-la como mulher, e não somente como a mãe do seu filho

O que posso fazer por mim mesma?

Tente manter uma alimentação saudável. Caso não tenha apetite, procure fazer pequenas refeições regularmente -- o café da manhã é especialmente importante. Consuma alimentos ricos em energia, como pães, cereais, macarrão e arroz, além de muitas frutas e verduras. Não há nada de errado em comer chocolate, se este for o seu desejo, mas só não exagere na dose.

Descanse bastante. Durma, se conseguir, ou simplesmente relaxe. Se alguém puder cuidar do bebê para você, aproveite para tirar uma soneca durante o dia ou escolha uma boa leitura e curta alguns momentos de preguiça.

Não seja dura consigo mesma. Você está doente e precisa de tempo e espaço para se recuperar. Não se sobrecarregue de tarefas domésticas que não sejam urgentes e adie as "grandes" decisões por enquanto. Permita-se alguns mimos e, aos poucos, você sentirá a diferença.

Será que vou ter depressão pós-parto com meu próximo filho?

É possível, já que histórico de depressão é um dos fatores que podem influenciar na incidência de uma depressão pós-parto. Existem inúmeras mulheres, no entanto, que tiveram depressão com um filho e depois não voltaram a ter problemas. Pense que, se a depressão voltar a atingi-la, pelo menos você já terá aprendido a lidar melhor com ela e saberá como usar a ajuda de familiares, amigos e médicos. Além disso, você não será pega tão de surpresa e poderá procurar ajuda mais cedo. Vale a pena conversar sobre o assunto com o obstetra ainda durante a gravidez.

Há como prevenir a depressão pós-parto?

Não se sabe ao certo. O que se sabe é que uma mulher que conte com bastante apoio durante a gravidez tem mais chances de encarar a maternidade com confiança e segurança. Assim sendo, quando engravidar de novo, faça o máximo para durante os nove meses se cuidar bem, aceitar toda a ajuda do mundo, fazer alguma atividade física e reduzir os níveis de estresse.

Há médicos que defendem o uso de injeções de progesterona depois do parto como forma de reduzir o risco de depressão. As provas científicas quanto a isso não chegam a ser sólidas, mas converse com o seu ginecologista para saber se é algo que vale a pena considerar no seu caso.

0 comentários:

Postar um comentário